quinta-feira, 5 de junho de 2008

Privatizar os lucros e socializar as perdas.

Mito de Prometeu (no contexto atual): antes acorrentado pelos deuses por ensinar aos homens o uso do mercado, mas agora livre para propagar cada vez mais os segredos do mercado...Ou não.
Não é irônico que a possibilidade de intervenção por parte do governo norte-americano seja cogitada, após uma longa ditadura do discurso que defendia a total liberdade e auto-regulação dos mercados?
A ironia esta contida no simples fato de que as oligarquias financeiras, que é uma nova camada da burguesia, que foi formada pelo capital financeiro, não poder nem ouvir falar em qualquer tipo de intervenção governamental durante a década de 1990, que rapidamente já fazia uso de seus parceiros no governo e na mídia para conter qualquer tentativa nesse sentido. Isso talvez meus amigos porque a partir de meados da década passada com as crises mexicana, asiática e brasileira aconteceu uma aceleração da economia norte-americana, que deu a essa oligarquia lucros tão fabulosos, que nem tio patinhas poderia imaginar. Agora os oligarcas dos lucros estão às portas da Casa Branca com seus mega-fones entoando em coro, Intervenção já, irônico não é!
Podemos dizer que o discurso do mercado é assim. Por tempos, diz ao governo deixe-me sozinho, porque quer ousar tacadas arriscadas. Quando há algo de errado pede uma tábua de salvação. E isso, é o que aconteceu com o mercado norte-americano antes da crise deflagrada com a expansão desordenada do credito americano, o mercado financeiro deitou e rolou. Criou dezenas de títulos malucos, de maneira irresponsável, enfiados nos fundos de investimentos mundo afora. Todos se fingiram de mortos: dos bancos centrais às agências de classificação de riscos. Agora, estão todos atrás do barco salva-vidas, ou talvez um termo mais apropriado salva-lucros. Definitivamente, estamos diante do paradoxo de privatizar os ganhos e socializar as perdas. E ainda existem pessoas que dizem que as oligarquias financeiras não gostam da teoria socialista de Karl Marx!
Com desculpas antecipadas a João Cabral de Melo Neto, de quem peguei o corpo do texto, sem pedir... Confesso. Deixarei com os amigos um pequeno pensamento: “O meu nome é Mercado, como não tenho outro de pia. Como há muitos Mercados, que é santo de Smith, deram então de me chamar Mercado de Financeira como há muitos Mercados com mães chamadas Financeira, fiquei sendo o da Financeira do finado Neoliberalismo”.

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